segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

"A gente tem uma vida... uma vida de babacas. Comemos, dormimos, transamos, saímos. Sempre a mesma coisa se repetindo... Cada dia é a repetição inconsciente do anterior: a gente come uma coisa diferente, a gente dorme melhor, ou pior, transa com uma outra pessoa, vamos a um lugar diferente quando saímos. Mas é igual, sem objetivo, sem interesse. Nós continuamos e nos determinamos objetivos materiais. Poder. Dinheiro. Filhos. A gente perde a cabeça tentando realizá-los. Mas, ou a gente nunca consegue alcança-los, e fica frustrada para o resto da vida, ou, quando consegue, percebe que não dá a mínima. Depois a gente morre. E fica com a boca cheia de terra. Quando a gente se dá conta disso, a vontade que dá é de encher logo a boca de terra, para não ficar lutando em vão, para pregar uma peça na fatalidade, para escapar da armadilha. Mas a gente tem medo. Medo do desconhecido. Do pior. Então, quer queira, quer não, a gente fica sempre esperando alguma coisa. Do contrário, já teríamos apertado o gatilho, engolido a caixa de comprimidos, pressionado a lâmina da navalha até o sangue jorrar..."

A vida é mesmo uma roda-viva, Chico Buarque. Mas mais porque ela roda, se repete e não sai do lugar.

Um fluxograma sem fim ao qual se sobrevive usando pequenos prazeres como subterfúgios pra mascarar sua completa falta de sentido.

Ser feliz com sua viagem de fim de ano pra praia parcelada em 10 vezes graças ao seu honesto salário de funcionário público que trabalha 10h por dia. Eu me recuso a acreditar que este seja o sentido da vida.

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